terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Expedição Volta da Jureia

Pessoal,

Enfim terminei a Volta da Jureia e ainda completei o Ribeira de Iguape no Estado de São Paulo. :-))))

Falemos sobre a remada.

Saí da Barra do Ribeira por volta das 9 horas e às 15 já estava na Ilha Comprida. Isso remando tranquilo e curtindo a paisagem. Um sol inclemente e a falta de corrente a favor foram os pontos fracos, mas valeu cada centavo.

Na metade do percurso alguns golfinhos apareceram e uma grande quantidade de peixes começou a saltar. Dava para pegar. Aliás, peixe tem mãe?

A passagem pelas Barras foi tranquila, o mar estava calmo e, devido ao desaparecimento da praia do Leste, as barras se juntaram, formando um trecho único, sem a necessidade de se entrar no oceano.

Chegando na Ilha, em busca de um local para acampar, conversei com o dono de uma escuna e ele me disse que possuía uma marina adiante na Ilha e, seu eu quisesse, poderia pernoitar por lá.

Disse que não tinha água, mas o local estava limpo.

Como não tinha opções em vista, resolvi aceitar a sugestão.

Se arrependimento matasse já estaria quase na missa de sétimo dia.

Até meia-noite a coisa foi bem, mas havia um clube próximo do acampamento. Eles começaram um show que durou exatamente até 06h11min da manhã.

Pelo amor dos meus filhinhos, quase saí para remar à noite e, se soubesse o que iria enfrentar no dia seguinte, deveria ter saído mesmo.

Por volta das 06h12min desmontei acampamento e às 7 já estava na água.

Já de cara tive que enfrentar o Valo Grande. Esse canal possui aproximadamente 3 km e foi aberto para facilitar o escoamento de arroz no séc. XVIII. Dizem que foi a primeira "cagada" ambiental realmente séria ocorrida por estas paragens.

Com a maré contrária, ou melhor, com as águas do canal seguindo seu rumo normal, não consegui superar 3 km/h e sem parar de remar, caso contrário retornava.

Neste trajeto a melhor, ou pior parte, foi quando decidi encostar em um píer de uma marina, que infelizmente não anotei o nome, para passar bloqueador solar.

Até pensei em descer para tornar tudo mais fácil, mas desisti e, somente encostei com a canoa na marina. De repente dois cachorros, destes pequenos e barulhentos, encostaram-se a mim e começaram a latir.

Um sujeito apareceu em um ponto distante da marina e eu acenei com a mão e não dei mais importância. Para minha surpresa, o "camarada" soltou um pitbull que, muito invocado, correu em minha direção.

Como o remo estava na outra ponta da canoa, somente tirei a mão do píer e a canoa começou a se afastar, mas com uma lentidão angustiante.

O monstro ficou a 1/2 metro da canoa, latindo tão perto que senti até seu hálito, e ameaçando pular. Vocês já imaginaram ficar dentro de uma canoa com um pitbull que não é seu?

Pois é, foi por muito pouco que não aconteceu um acidente com o pitbull. Eu o teria afogado se ele pulasse na canoa. Pelo menos, essa era a minha vontade na hora. Quem sabe até afogar o dono do pitbull de quebra.

Voltando ao rio, quando passei pelo canal e entrei no Ribeira, propriamente dito, a coisa melhorou bastante. A velocidade aumentou para 7 km/h e em um determinado momento chegou a 10 km/h.

Assim terminaria o percurso ainda em tempo de pegar uma praia. Ledo engano.

A paisagem do Ribeira, naquele trecho é uma mistura de áreas de mangue com um pouco de mata atlântica. Algumas criações de búfalos, casas de ribeirinhos, ranchos de pescadores, poucos pássaros aquáticos e nada mais.

Fiquei com a impressão de uma pesca pobre, pois quase não vi pássaros aquáticos e ví poucos sinais de peixes. Agora, o seu entorno, as serras e montanhas que se avista ao longe, deixam a impressão de áreas conservadas. Pois a mata atlântica se apresenta exuberante e em toda a extensão do trajeto.

Faltando aproximadamente 10km a coisa ficou feia. A maré começou a aumentar e a correnteza contrária ficou bastante forte. Para ajudar, passava do meio dia e começou um forte vento sul que transformou o Ribeira em uma montanha russa.

Não me lembro de ter remado tão forte e durante tanto tempo para conseguir ganhar poucos metros.

Após algum tempo nestas condições avistei um pequeno canal por onde a água entrava também e, já que a corrente estava a favor, entrei no canal.

Estava tão cansado que não me importava se estava voltando ou não.

Esse canal me levou ao rio Una da aldeia e, neste ponto, avistei a única capivara da expedição. Por sinal, a maior capivara que já vi.

Entrei no Una, que naquele ponto já está enorme, e as condições continuaram as mesmas. Corrente e vento contra.

Remava um tanto e me segurava no mato para beber água e não voltar. Então apareceu um piloteiro com um casal de turistas, descendo o Una em sentido à Barra do Ribeira.

Parou ao meu lado e perguntou se eu estava passeando. Disse que estava vindo de Iguape. Ele me perguntou se eu tinha saído de lá no dia anterior.

Engraçado esses pilotos de voadeira. Sempre achando que as canoas não rendem.

Eu respondi que saíra na manhã daquele dia. Ele, então, fez um beiço esquisito, dando a entender que não acreditou na minha resposta, ofereceu carona, que eu, no alto da minha idiotice, recusei, e foi embora. Todo pimpão com seus turistas e seu motor.

Isso aconteceu por volta da uma hora e, naquele ponto, faltavam míseros 8 ou 7 km para eu chegar ao destino.

De lá em diante as condições só pioraram. A velocidade caiu para 1,5 a 2,5 km horários. A sensação é que você está correndo com lama até os joelhos.

Logo no final, passeio por um bairro chamado Costeira, lugar bonito e que vale uma visita mais detalhada. Inclusive existe um caminho que sai da Costeira e conduz até a Barra do Ribeira. Uma parte foi construída em cima de tábuas para vencer o manguezal.

Cheguei à Barra do Ribeira, exatamente no ponto de partida, por volta das 5 da tarde. Cansado, mas bastante contente por ter realizado a expedição.

Fica a dica de uma boa expedição para se realizar, mas é preciso atentar para maré e a época do ano.








































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